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Policial civil mais antigo da 3ª Região conta momentos marcantes da carreira

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Fotos: arquivo pessoal
Equipe D da DPPA, da qual Jurandir é chefe dos plantonistas

Jurandir Quartieri, 63 anos, é o policial civil que há mais tempo integra o efetivo da 3ª Região Policial do Rio Grande do Sul (3ª RP), que corresponde a 21 cidades da Região Central. Nascido em Santa Maria, ingressou na Polícia Civil em 1979, e é comissário da Polícia desde 2001. Atualmente, Jurandir é chefe de uma das equipes de plantonistas da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). A família também faz parte de sua vida há tempo. É casado com Lília Silva há 37 anos. Juntos tiverem filhos e o neto Bernardo Valentin.

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Diário - Como foi seu começo na Polícia Civil?

Jurandir Quartieri - Sou o Policial Civil mais antigo da 3ª RP e um dos mais antigos em atividade do RS. Ingressei na Polícia Civil no ano de 1979. Iniciei minha atividade profissional na cidade de Iraí, passando ainda pelas cidades de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões. No ano de 1981, fui transferido para Santa Maria, trabalhando na Delegacia Regional, Delegacia de Trânsito, Centro de Operações e 3ª DP. Atualmente, estou lotado na DPPA, antigo Centro de Operações.

Diário - Nesses anos de serviço, que mudanças o senhor vê?

Jurandir - Desde a época do meu ingresso para os dias atuais, as diferenças são significativas, tanto na forma de atuação da Polícia, como nos meios empregados. Hoje, a modernização material e os meios informatizados são de suma importância e facilitam a investigação, os contatos com outros órgãos e o dinamismo de modo geral. Naquela época, para se ter uma ideia, as ocorrências eram feitas em livros, escritas, e os procedimentos eram formalizados com o uso de máquinas de datilografia. Nossos veículos eram o Fusca, a Brasilia, a Kombi, a Veraneio. Quando vim para Santa Maria havia a 1ª DP, a 2ª DP e a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), além da Delegacia Regional de Polícia. Não existia perícia criminal e nem posto médico legal. Convém salientar que o crime também se modernizou, principalmente quanto ao tráfico de drogas, que naquela época não existia.

Diário - Quando o senhor começou a atuar na DPPA?

Jurandir - A  DPPA, antigamente, era chamada de Centro de Operações. No início dos anos 2000, por meio de portaria do delegado regional à época, fui designado Supervisor do Centro de Operações. Não havia delegado titular do órgão, sendo que existia uma espécie de rodízio entre os delegados da sede para atuarem como plantonistas junto as equipes. Eu era responsável pela parte administrativa e operacional da Delegacia, elaborava escalas de plantões, inclusive dos delegados, fazia controle do combustível da viatura, materiais de expediente, etc. Contava apenas com a ajuda de um estagiário em meio período. Fiquei nesta situação por um longo período, sendo lotado posteriormente na 3ª DP. A partir daí, sempre que necessário, retornava ao Centro de Operações para compor a escala, especialmente em períodos de férias. Após esses anos fui para a Delegacia de Trânsito, retornando posteriormente para a já denominada DPPA, tempo que dura uns dez anos. Neste momento sou chefe de uma das equipes plantonistas. O nosso objeto é o atendimento ao crime, no entanto este órgão se tornou um grande Pronto Socorro, uma grande clínica, onde os policiais funcionam como médicos, psicólogos, psiquiatras, conselheiros, etc. Na minha opinião, a DPPA é um dos poucos órgãos públicos onde as pessoas são atendidas de forma imediata, sem agendamento, sem custos. Torna-se a principal delegacia da cidade, eis que o início de tudo está ali, 24 horas por dia, composta de policiais comprometidos, preparados, embora certos governantes persistem em menosprezar a classe. 

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Jurandir compartilha o tempo, além da Polícia, com a família. Na foto, com um dos seus pets e o neto

Diário - O senhor consegue elencar momentos mais marcantes na Polícia?

Jurandir - Na Polícia, todos os momentos são marcantes. A bem da verdade, não somos simpáticos ao grande público, no entanto, somos sempre lembrados e requisitados nas situações de perigo, de conflitos, etc. Desse modo, as pessoas pedem ajuda a Deus e a Polícia. No início da carreira, em Iraí, em um mandado de busca, me vi cercado por três indivíduos, momento de tensão, quando tive que fazer uso da arma com disparos contínuos, até receber ajuda dos colegas. Outro momento marcante foi em Santa Maria quando atendi uma chacina na Vila Lorenzi. Estava de plantão no início dos anos 2000. Oito pessoas foram assassinadas com tiros e golpes de faca. Eu recebi a denúncia e fui o primeiro a chegar no local dos fatos. Aliás, naquele mesmo dia, atendi mais duas situações de morte, um suicídio e outra morte por acidente de trânsito, totalizando dez mortes em um único dia. Mas também tive momentos alegres como sendo o primeiro Policial Civil da cidade a receber uma homenagem da Câmara de Vereadores, como o policial destaque da corporação. Estou apto a me aposentar desde o ano de 2007, portanto 12 anos a mais. Trabalho porque gosto do que faço. Nunca fui funcionário decorativo, cansado, entrei com 21 anos, estou com 63, e mantenho o ritmo. Mas a aposentadoria é o caminho, terei que enfrentar, mais pelo momento que vivemos, pelo conjunto de tudo que está acontecendo.

Diário - E sua relação com a cidade de modo geral?

Jurandir - Santa Maria é uma cidade de porte médio com ares de cidade grande. Aqui estudei, me formei em Direito na UFSM. Mas o crime chegou, na sua plenitude. No entanto, é linda, aprazível e boa de morar. Possui seus problemas, mas quem não tem problemas?

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